Kàwé
Atividades
Aula Aberta
O Programa Aula Aberta, como o próprio nome denota, se constitui em uma atividade aberta a diferentes públicos, interessados na discussão de questões relacionadas à cultura e à história africana dos afrodescendentes e indígenas. As atividades, que já estão sendo promovidas pelo Kàwé de forma sistemática, têm reunido ministrantes de diversas áreas do conhecimento e agregado discussões que interessam a professores, estudantes, profissionais diversos e comunidades: afro-brasileiras (quilombolas, terreiros e movimento negro); e indígenas. O Programa se constitui como uma atividade de formação continuada, tem natureza interdisciplinar e valida os objetivos do Kàwé e da Universidade em promover a aproximação mútua dos conhecimentos por eles produzidos e aqueles gestados pela sociedade mais ampla. As atividades levadas a efeito pelo Programa contribuem para responder a demandas da discussão de temas atinentes às africanidades e suas interfaces e pretendem otimizar a experiência de grupos envolvidos na pesquisa, na extensão e no ensino. Reafirma-se com a realização dessas atividades, o compromisso da UESC, através do Kàwé, em compreender a presença do legado de matriz africana e indígena na formação histórica e social do seu território de abrangência. Assim, o Programa Aula Aberta torna efetiva a visibilidade às múltiplas formas de participação da população negra, afrodescendentes e indígenas na configuração da sociedade regional, e dos processos identitários que esta engendra, através de aulas temáticas que contemplem estudos históricos, lingüísticos, literários, filosóficos, comunicacionais, antropológicos, artísticos, jurídicos, educacionais, entre outros, e de suas interfaces.
Objetivos
Geral:Contribuir à compreensão das múltiplas formas de participação africana, afrodescendente e indígenas na formação social e identitária do território de abrangência da UESC
Específicos- Fomentar o intercâmbio da produção de conhecimento entre a UESC e diferentes grupos sociais, no que compete ao estudo e à divulgação de temas atinentes à história e à cultura afro-brasileira, africana e indígena.
- Promover a discussão interdisciplinar de temas relacionados às africanidades, indianidades e suas interfaces;
- Contribuir à formação de professores, pesquisadores, estudantes e grupos interessados no estudo de questões atinentes à cultura e história dos povos africanos, afro-descendentes e indígenas.
Temáticas
As temáticas eleitas são consonantes e decorrem dos estudos e das linhas de pesquisa perseguidas pelo Kàwé, acrescidas de outras temáticas que delas se originam, a saber:
- Educação e ações de inclusão
- Metodologia de Ensino, Currículo, Africanidades e Indianidades
- Religiões afro-brasileiras e processos identitários
- Africanidade, saúde e práticas sociais
- Linguagem, tradição oral e representações
- Literaturas de expressão africana
- Estudos filosóficos e epistemologia africana
- Artes visuais e suas representações
- História Regional e da África
- Estudo de textos fílmicos
Colóquio Kàwé
O Colóquio Kàwé é um dos eventos mais importantes do núcleo, que, semestral ou anualmente, reúne pesquisadores e especialistas das mais variadas áreas do conhecimento, para expor e debater ideias sobre determinado tema. São realizadas várias atividades dentro de cada programação, a exemplo de conferências, oficinas, minicursos, exibição de filmes, performances, shows, sessões temáticas e lançamento de livros.
Clube de Leitura de Estórias Africanas
A atividade tem como objetivo divulgar e discutir produções literárias de escritores e escritoras oriundos dos cinco países africanos de língua oficial portuguesa, por meio de narrativas curtas orais e escritas, além de valorizar a leitura do texto literário, deixando o estudo da crítica e da historiografia literárias em segundo plano, como recorrentemente ocorre no ensino regular. Ela foi inicialmente desenvolvida no semestre letivo de 2023.2, sob a coordenação da Profa. Dra. Maria Dolores Sosín. Em 2024.1, o Prof. Dr. Alex Santana França assume a coordenação do clube.
A justificativa para a realização dessa atividade extensionista está na necessidade de ampliar a visibilidade de produções culturais produzidas pelos povos da África, no sentido de evidenciar a sua importância para a cultura mundial, e especificamente, para a brasileira. Além disso, a leitura literária permite uma vivência imaginativa que humaniza o leitor, tornando-o aberto ao contato com o próximo, assim como outras sociedades. Nesse sentido, a promoção de clubes da leitura tem crescido no país e oportunizado acesso a diferenciados textos e debates muito produtivos.
A seleção dos textos é diversificada, reunindo produções de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, que apresentem diferentes perspectivas sobre o fazer literário, assim como possibilitem o contato com diferentes culturas, para que os leitores amadureçam a sua capacidade interpretativa e diversifiquem o seu repertório de leituras literárias.
Coordenador da atividade: Professor Dr. Alex Santana França (DLA/UESC)OHNIM – Grupo de Estudos em Masculinidades Negras
O objetivo deste grupo de estudo, que integra a Linha de Pesquisa do Kàwé “Gêneros sociais, sexualidades, relações étnico-raciais e outras interseccionalidades”, consiste, em uma primeira etapa, ampliar e fortalecer as discussões em torno das vivências e experiências de homens negros, especialmente no Brasil, a partir da análise de textos literários brasileiros contemporâneos, em uma perspectiva interseccional e transdisciplinar, em diálogo com outras linguagens artísticas, a exemplo do cinema e das artes visuais, e com direcionamentos também para o campo da educação.
O nome e representação imagética do grupo tem inspiração no adinkra “Nea Onnim”, um dos símbolos dos povos Akan, de Gana, que representa o conhecimento, a educação através da vida e a contínua busca pelo saber. Ele originou-se do provérbio: “Nea onnim no sua a, ohu”, cuja tradução é: Aquele que não sabe, pode saber aprendendo.
Os adinkras são símbolos que carregam mensagens. Além da representação grafada, são símbolos estampados em tecidos e adereços, esculpidos em madeira ou em peças de ferro para pesar ouro. Muitas vezes eles são associados com a realeza, identificando linhagens ou soberanos. Assim, o conceito de escrita expande-se para além da noção ocidental restrita apenas à letra grafada. Considerado como um objeto de arte, o adinkra constitui um código de conhecimento referente às crenças e a história do povo Akan e reflete um sistema de valores: família, integridade, tolerância, harmonia, determinação.
Todos os textos literários e artísticos selecionados como corpus da pesquisa foram produzidos e publicados nos últimos vinte anos, garantindo-se, assim, um caráter de maior contemporaneidade e dando destaque a artistas das novas gerações, além de garantir a atualidade da discussão proposta. Teoricamente, os estudos estarão fundamentados nos conceitos básicos da crítica decolonial e contracolonial (em suas convergências político-epistemológicas), pois, por seus intermédios, é possível descortinar e problematizar as assimétricas relações de saber-poder vigentes no mundo contemporâneo. Desse modo, espera-se contribuir com os estudos que priorizam a representação dos homens negros como sujeitos de sua história, como agenciadores de perspectivas outras que denunciam os preconceitos sociais e raciais e, que, de forma consequente, apontam caminhos de solidariedade e transformação.
Coordenador da atividade:Professor Dr. Alex Santana França (DLA/UESC)