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Entrevistas

“O Hospital Veterinário está à disposição da comunidade”

 

Professor Roberto Paixão, em 11/10/2007.

Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal da Bahia (UFBa.), o professor Roberto Paixão é especialista Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Mestre em Medicina Veterinária Preventiva pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Um dos responsáveis pela implantação do curso de Medicina Veterinária da UESC – que completa 10 anos, Paixão foi coordenador do colegiado durante cinco anos e já coordenou também o colegiado de Agronomia. E agora, diretor do Hospital Veterinário da Universidade.

 











 Entrevista com o Professor Roberto Paixão, diretor do Hospital Veterinário da UESC.

Para ouvir a entrevista realize o downlod do arquivo 



Uesc.br
- Professor, o senhor poderia nos dar um breve histórico sobre o Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Santa Cruz?

Roberto Paixão - O Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Santa Cruz faz parte do curso de Medicina Veterinária, não só por ser uma exigência legal.  Academicamente, ele é de fundamental importância na formação do profissional médico veterinário. As atividades acadêmicas, na sua parte teórica, são ministradas nas salas de aula. Mas nada disso teria o seu valor real na formação do médico veterinário, o profissional competente, capacitado para o exercício da sua profissão, se não houvesse condições de desenvolvimento das atividades práticas dentro de um hospital veterinário, como é o caso nosso aqui da UESC.

Uesc.br - E a construção do hospital, como se deu essa trajetória?

Roberto Paixão - O curso começou em 1997. E éramos apenas seis veterinários, eu tinha especialização, os outros tinham o curso de Graduação. Em 1999, saímos para fazer o curso de Mestrado em Belo Horizonte e, desde esse momento, começamos o projeto de construção do hospital veterinário, através de visitas a outros hospitais e sugerimos à reitora da época, Renée Albagli, que tínhamos a necessidade de construir o mais breve possível o Hospital Veterinário da UESC. Em 2002, com a construção do Laboratório de Patologia Animal, começamos a obra de construção do Hospital Veterinário, que hoje conta com mais quatro pavilhões (Clínica de Grandes Animais, Clínica de Pequenos Animais, Laboratórios e o Centro Cirúrgico de Grandes e Pequenos Animais).

Uesc.br - E qual a importância dessa ferramenta para a Universidade e para a comunidade?

Roberto Paixão – Bem, essa vai ser uma ferramenta que servirá não só à comunidade acadêmica, em especial aos alunos da Medicina Veterinária, como outras ações poderão ser desenvolvidas com outros departamentos, a exemplo dos departamentos de Biologia e de Medicina, como também deveremos interagir com os produtores da nossa região. Na verdade, a importância maior para o entrosamento da Universidade com a comunidade é através da prestação de serviços que nós executamos.
 
Uesc.br - Mesmo sem o hospital estar concluído, o curso de Medicina Veterinária já oferecia algum serviço a comunidade?

Roberto Paixão - Sim, mesmo de forma incipiente, nós já atendíamos essa comunidade através do Projeto de Extensão Atendimento Ambulatorial, que vem sendo realizado desde 2003 em uma ação continuada, e que oferece, além do atendimento, orientação nos cuidados com os animais que chegam ao ambulatório, assim como em propriedades rurais. Nós atendemos em vários municípios, não só do entorno da UESC, mas também em municípios mais distantes da Universidade. O atendimento de grandes animais é feito em propriedades rurais, em fazendas, e os atendimentos de pequenos animais, aqui mesmo na Universidade. Em pequenos animais, atendemos, além de cães e gatos, aves e animais silvestres que são trazidos aqui. E, nesses casos, são realizados os trabalhos de atendimento e, posteriormente, os animais são colocados à disposição do IBAMA para re-introdução no seu habitat natural.

Uesc.br - Como hospital-escola, existe limitações  para o seu funcionamento?
 
Roberto Paixão - Há sim, existe porque nós não temos ainda todos os equipamentos. Nos falta, por exemplo, aparelhos de raio-X e de ultra-som, que são ferramentas de apoio ao diagnóstico do médico veterinário. Nos laboratórios ainda temos algumas deficiências, que estamos tentando superar através da realização de projetos de  captação de recursos externos que ajudem no desenvolvimento dos nossos trabalhos. Essas ações são fundamentais para as atividades acadêmicas e no atendimento à população.

Uesc.br - Quais os principais procedimentos a serem oferecidos pelo hospital veterinário?

Roberto Paixão - Todo animal que chega para ser atendido receberá uma identificação e será feito o exame clínico, que apontará outras necessidades para a apresentação de um diagnóstico correto. E tudo isso é realizado com a participação dos alunos no processo de ensino-aprendizagem, de forma participativa.A partir do exame clínico verifica-se qual é a necessidade daquele animal e quais exames laboratoriais serão necessários para o diagnóstico, nas áreas de parasitologia, análises clínicas, microbiologia ou em toxicologia - isso é feito aqui dentro do hospital veterinário. Se o animal tem a necessidade de uma intervenção cirúrgica, então esse animal é examinado, todos os procedimentos pré-cirúrgicos são feitos; ele é levado para a sala de cirurgia, e lá terá também todo atendimento, todos os procedimentos para essa intervenção. Em caso de necessidade, ele ainda poderá ficar hospitalizado, aguardando a sua recuperação. 

Uesc.br - Professor Paixão, os serviços serão gratuitos?

Roberto Paixão - No momento, nós estamos ainda atendendo gratuitamente, porque estamos precisando regularizar o funcionamento do hospital, que é uma questão legal. Tão logo tenhamos resolvido a questão legal, então, aí, será cobrada uma taxa mínima, que servirá para cobrir as despesas que nós teremos com o animal atendido. Mas, até então, os atendimentos são todos de forma gratuita.

Uesc.br - Essa taxa que poderá ser cobrada é uma taxa regulamentada por algum tipo de legislação?

Roberto Paixão - Sim, é o Conselho Federal de Medicina Veterinária, que coordena as ações de Medicina Veterinária, e o Conselho Estadual de Medicina Veterinária, que impõem o atendimento em hospitais-escolas com a cobrança da taxa mínima. E é esse valor que nós vamos processar aqui, no nosso hospital, que é um hospital-escola.

Uesc.br - Professor, o hospital pode prestar serviços a empresas e instituições privadas?

Roberto Paixão – Sim, e nós já temos parcerias com algumas empresas. Estamos tentando outras parcerias também com instituições governamentais, a exemplo da Secretaria Estadual de Agricultura. E na prestação desses serviços, haverá demanda de recursos das empresas e das instituições públicas para a Universidade. O grupo técnico, hoje, do hospital veterinário, é muito bom, é muito forte e tem condições de atender várias demandas, não só na área governamental, como de empresas privadas. E tudo isso requer parceria, que será também uma fonte de receita para o hospital veterinário.

 Uesc.br -  E quanto ao fornecimento de medicamentos?

Roberto Paixão - Nós temos parceria com alguns laboratórios, o programa FARMÁCIA CHEIA - a cada seis meses, quatro laboratórios fornecem medicamentos para o atendimento ambulatorial. A Universidade também atende nossas necessidades comprando medicamentos que são utilizados pelos alunos nas suas atividades práticas e nos projetos de Extensão e de Pesquisa.

Uesc.br - E com relação aos professores que compõem o colegiado de Medicina Veterinária, como é a participação desses professores na administração do hospital, considerando a sua utilização como laboratório do curso?

Roberto Paixão - Isso é feito regularmente, porque existe uma relação muito boa, não só em relação à coordenação do curso, mas também em relação ao diretor do departamento. Todos os médicos veterinários da instituição estão envolvidos em trabalhos, ou de pesquisa ou de extensão, que utilizam as instalações do hospital para o desenvolvimento desses trabalhos. Além disso, o pessoal técnico, mais voltado para o atendimento do hospital, participa ativamente de todas as decisões, que são tomadas de forma colegiada.

Uesc.br - Quais serão os dias de atendimento no hospital veterinário da UESC?

Roberto Paixão – Nós ainda estamos carentes de técnicos. No momento, o atendimento tem sido feito pelos professores. No entanto, eles têm outras atribuições, não só o atendimento (pesquisa, extensão, sala de aula). Isso tem sido um fator impeditivo para o pleno funcionamento do hospital. Já existe, através de contato com a administração central, a possibilidade de contratarmos esses técnicos. Com a vinda dos técnicos, então, nós teremos o atendimento diário. Nesse momento, estamos atendendo às segundas, terças e quintas-feiras, das 8 horas da manhã às 12 horas.


Uesc.br - Professor, como é que é a participação dos estudantes no uso do hospital como laboratório?

Roberto Paixão - Eles participam ativamente, desde a chegada do animal para preenchimento da ficha, acompanhando todos os procedimentos realizados pelos professores e participando ativamente das ações de atendimento.

Uesc.br - E com relação aos egressos do curso de Medicina Veterinária. Existe algum tipo de relação entre os egressos e este Hospital?

Roberto Paixão – Sim. No curso de pós-graduação em Ciência Animal, a maioria dos alunos é de egressos do nosso curso, e estão aqui usufruindo dessas instalações. Aqueles que não estão no curso de pós-graduação, também têm a oportunidade de vir para aqui fazer treinamentos no Hospital, que está à disposição de toda a comunidade, não só a acadêmica, como a comunidade regional.

Uesc.br - E como senhor avalia esse novo equipamento, agora inaugurado, no contexto de desenvolvimento institucional da Universidade Estadual de Santa Cruz?

Roberto Paixão - È de fundamental importância, porque vamos ter oportunidade de trabalhar não só com as empresas da região, em especial, com os proprietários de fazendas, da área de laticínios, além daquelas pessoas que criam animais de companhia. Então, todos terão, a partir de agora, à sua disposição, um hospital com qualidade profissional para tratar com o cuidado necessário os seus animais, além das ações de orientação que nós fazemos. No próximo mês de novembro, pretendemos lançar uma cartilha em comemoração aos 10 anos do curso de Medicina Veterinária da UESC, com orientações de como as pessoas devem cuidar dos seus animais de estimação.

Uesc.br - Professor Paixão, o senhor além de ser o primeiro veterinário da Universidade é o primeiro diretor do Hospital Veterinário. Isso é uma oportunidade e ao mesmo tempo uma grande responsabilidade, não é?

Roberto Paixão - Sim, como já tinha comentado, além de ser o primeiro veterinário, eu vim para trabalhar na montagem do curso de Medicina Veterinária, como primeiro coordenador do colegiado e estou hoje como primeiro diretor do hospital. É importante pelo fato de estarmos aqui trabalhando, ao longo desses 13 anos, em prol da Medicina Veterinária. E é uma responsabilidade muito grande você trabalhar com jovens estudantes, fazendo com que eles saiam daqui com a competência que possa conduzi-los na vida profissional lá fora. E isso não é um mérito do diretor do hospital, é do curso de Medicina Veterinária e de todos os profissionais que nele executam suas atividades. 

 

         

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