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Entrevistas

“Novo Plano de Desenvolvimento Institucional da UESC é o nosso desafio”

 

Adélia Maria Carvalho de Melo Pinheiro , em 22/06/2007.

 











 

A professora Adélia Maria Carvalho de Melo Pinheiro é pró-reitora de Graduação (PROGRAD), uma instância de assessoria da Administração Superior da Universidade nas questões referentes ao ensino de graduação. Possui graduação em Medicina pela Ufba, residência em Medicina Social, mestrado em Saúde Pública e doutorado em Saúde Comunitária pela USP (2003). É professora do Departamento de Saúde da Uesc desde 1990. Tem experiência na área de Saúde Coletiva. Sua experiência administrativa começou como Gerente de Pós-Graduação, função que exerceu de 1994 a 1995. De 2000 a 2004 foi Gerente Acadêmica e, de 2001 a 2006, foi vice-coordenadora do curso de Medicina. 

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Uesc.br – Na sua opinião, os cursos da UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz - atendem às demandas da região de sua abrangência?
Adélia – A Uesc tem, na sua área de abrangência, 73 municípios, e não temos dúvidas de que os cursos de graduação foram implantados para atender à demanda dessa região, essa área de abrangência. Entretanto, sabemos que é um desafio posto para as instituições públicas de ensino superior, a democratização do acesso e a ampliação das vagas disponíveis. É certo que no Brasil um contingente importante da população conclui o ensino médio e não dispõe de vagas públicas para acesso ao ensino superior. Isso é um desafio que se põe para esta universidade, para as universidades da Bahia, públicas, obviamente, e como um todo para o Brasil. É um desafio que vem sendo também enfrentado pelo Ministério da Educação.

Uesc.br – Há previsão de implantação de novos cursos de graduação na UESC?
Adélia – No momento, nós estamos nos preparando para a elaboração do Plano de Desenvolvimento Institucional, que é um instrumento de gestão importante que define a implantação de novos cursos de graduação. No PDI vigente, foram implantados todos os cursos propostos para a instituição, exceto um curso de tecnólogo em turismo. Este não foi implantado por conta de não termos as condições institucionais favoráveis. Então, no momento, considerando o PDI atual, todos os cursos foram implantados e é claro que a comunidade acadêmica e a comunidade regional poderão se mobilizar para que conste, no próximo Plano de Desenvolvimento Institucional a implantação de cursos que sejam importantes para a região e que venham a favorecer o desenvolvimento sócio, cultural e econômico da nossa área de abrangência.

Uesc.br – Quais os planos e metas para consolidar a qualidade dos cursos de graduação da universidade?
Adélia – Podemos falar em algumas ações importantes que já vêm sendo enfrentadas, ou precisam ser enfrentadas, pela UESC. Vou listá-las. A primeira delas, que considero, seria aprimorar e consolidar a competência didático-pedagógica do corpo docente, uma ação importante, e a universidade vem fazendo algumas ações pontuais nesse sentido. Mas é importante trabalharmos no conjunto dos departamentos da Universidade e dos órgãos de apoio, um programa que se volte para fomentar a competência já instalada dos docentes, e também consolidar essa competência, direcionando-a para o desenvolvimento das suas melhores habilidades didático-pedagógicas. Isso eu falo dos docentes na vida cotidiana com os acadêmicos. Em segundo lugar, eu pensaria na continuidade do que a UESC vem fazendo, já há alguns anos, que é estimular, apoiar e investir na formação pós-graduada de seu corpo docente. Não é a toa que, hoje, a universidade tem aproximadamente 70% de seu corpo docente mestre e doutor. Isso é resultado de uma política institucional responsável que nos permitiu alcançar esse patamar. Obviamente que a realização de concursos públicos, com maior número de vagas voltadas para as classes de assistente e adjunto - titular em menor número - contribuiu para essa política institucional, mas também o programa de qualificação dos docentes nos auxiliou a alcançar estas proporções de titulação do corpo docente. Isso é uma ação importante para a qualificação do ensino de graduação. Acrescentaria a ampliação e o desenvolvimento de melhorias na estrutura física e nas estruturas de apoio às atividades de ensino, digo, a necessidade da implantação de espaço para a instalação de docentes, também espaços para laboratórios e biblioteca, manutenção e a ampliação do acervo. O que eu chamo de ampliação e consolidação da estrutura física de apoio se prende a isso. Uma ação também importante para a qualificação do ensino de graduação, seria aumentar, se considerar especificamente os cursos de licenciatura, a integração com educação básica. É uma estratégia que vem a melhorar o ensino de graduação e, ao mesmo tempo, contribuir para a qualificação das atividades da educação básica. E, por fim, fomentar a formação cidadã do corpo discente ainda mais, aprofundando a responsabilidade que o corpo discente tem para a defesa da qualidade do ensino de graduação. Então, eu acredito que essas cinco vertentes se constituem de grande importância para a qualificação do ensino de graduação.

Uesc.br - Os resultados dos alunos da UESC na última avaliação do Enade foram positivos. A senhora acha que o Enade é um bom parâmetro de avaliação do ensino superior?
Adélia – O Enade, por si só, é um instrumento importante de avaliação para a utilização pelos colegiados de curso e pela instituição. Mas ele deve ser visto como um todo. O Enade compõe o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (SINAES) e assim ele deve ser visto. O que não invalida a possibilidade de, dentro dos colegiados e nas estruturas da universidade que estão mais focadas com o ensino de graduação, a exemplo da Pró-reitoria de Graduação, que se trabalhe com os relatórios , por curso, produzido a partir da resposta dos alunos no Enade e, com isso, que se utilize desses dados para a avaliação do que fazemos e de onde precisamos melhorar, de que forma precisamos melhorar. Não há dúvida nenhuma que é um parâmetro importante pra avaliação e o acompanhamento. Mas ele não pode ser visto sozinho, ele deve ser visto dentro do Sinaes, e também como mais um instrumento. O que não invalida o próprio colegiado de realizar sua avaliação interna, o que não invalida a instituição de realizar a sua avaliação institucional que inclui a avaliação de cursos, de corpo docente a partir do olhar do aluno, também incluindo o olhar de todos os segmentos da comunidade acadêmica. É importante sim, e nós tivemos ótimos resultados no último Enade.

Uesc.br – Considerando os parâmetros dos resultados do Enade, quais os cursos que mais se destacaram dentro da Universidade Estadual de Santa Cruz?
Adélia – No Enade de 2006, seis cursos da universidade estiveram entre os avaliados. Foram eles: Ciências Contábeis e Comunicação Social, esses dois com o conceito Enade máximo, tiveram cinco, e os cursos de Administração, Biomedicina, Ciências Econômicas e Direito, todos eles com conceito Enade quatro. Variando o IDD Conceito, que é um conceito relacionado ao conceito Enade, ou seja, é um indicador de agregação de conhecimentos entre estudantes ingressantes e estudantes concluintes. Para o IDD conceito, apenas o curso de Ciências Contábeis teve o conceito máximo, os outros variaram . O que não quer dizer que tenha sido um desempenho ruim. Como já mencionei anteriormente, precisamos analisar os dados e utilizá-los como ferramenta para a indicação ou identificação de melhorias a serem desenvolvidas.

Uesc.br – Considerando o conceito Enade, que é aquele que foi amplamente divulgado a partir do próprio trabalho do Ministério da Educação, o que esses resultados significam para a instituição UESC?
Adélia – Eu entendo que em todo momento que tivermos avaliações ou resultados de avaliações positivas, se constitui em um coroamento do trabalho institucional. No caso do Enade, trabalhar nesse momento com o desempenho dos estudantes, o desempenho dos acadêmicos, está, no primeiro momento, nos falando a respeito de conteúdos, de formação específica , de formação complementar, de formação geral do nosso estudante. Então, estamos falando que nosso aluno é um estudante que apresenta excelente e bom desempenho, configurado pelos conceitos cinco e quatro. Então, o trabalho do docente também resulta no desempenho do estudante e, obviamente, toda a estrutura institucional que é posta a serviço dos acadêmicos, dos professores, no seu cotidiano. Os acadêmicos são responsáveis também por proporcionar um bom cenário, se não o ideal, mas um cenário eficaz para o desenvolvimento do ensino-aprendizagem dentro da universidade.

Uesc.br – A senhora falou há pouco instante em infra-estrutura. Quais as estruturas de apoio ao ensino de graduação na universidade?
Adélia – São várias as que usamos como estrutura de apoio. Eu citaria, então, algumas delas. Os laboratórios de ciências, os laboratórios de informática, são estruturas de apoio que vêm sendo muito bem cuidadas pela administração da instituição. A biblioteca, que tem um acervo de boa qualidade, em bom número, e bem atualizado. Obviamente que não para todas as áreas se trata do acervo ideal, mas o investimento institucional na qualificação da biblioteca resulta de um esforço importante. Os programas de iniciação científica, iniciação à pesquisa, os programas de bolsas de extensão, o programa de monitoria, são estruturas de apoio ao ensino de graduação e permitem aos estudantes o desenvolvimento de suas habilidades e interesses, seja na área da pesquisa, da extensão ou do desenvolvimento do ensino. Outros projetos desenvolvidos na instituição podem configurar apoio, a exemplo dos núcleos de pesquisa. Mas eu citaria essas como as principais estruturas de apoio ao estudante. Certamente que ainda carecemos, e isso é importante que se fale, de um setor dentro da instituição que seja responsável pela assistência estudantil. Isso é uma demanda presente, existente entre os estudantes, que já vem sendo discutida há algum tempo. Não houve, por parte da instituição, da sua capacidade para investimento a instalação de tal setor, mas é uma demanda que, mais cedo ou mais tarde, precisará ser atendida porque se constitui, sim, em uma necessidade que vai auxiliar o estudante, principalmente na sua permanência dentro da universidade.

Uesc.br – Como se dá o estabelecimento de convênios para a realização da estágios curriculares e extra-curriculares?
Adélia – A universidade tem convênio com pelo menos três agências de integração ensino-escola e com cerca de sessenta instituições. O convênio é o primeiro passo para a realização de estágio, para que tenhamos o nosso estudante inserido em uma empresa, desenvolvendo atividades, seja curricular ou extra-curricular. O passo seguinte é a existência de vagas para estágio na empresa ou instituição e o estabelecimento de um termo de compromisso entre o estudante, a instituição e a empresa. Hoje nós temos um número grande de estudantes em estágio extra-curricular, talvez cerca de 800 estudantes nessa situação - aproximadamente isso - e um número de estudantes em estágio curricular que vai variar de acordo com o currículo dos cursos e o grau de desenvolvimento curricular em que se encontram.

Uesc.br – Quais são as ações da universidade de incentivo ao acesso dos alunos?
Adélia – O acolhimento ao aluno e o incentivo para que nós tenhamos maior número de estudantes dentro da universidade é uma preocupação nossa. Recentemente, no final de 2006, foi aprovada, pelo Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), uma resolução que regulamenta a reserva de vagas na universidade e que, a partir do vestibular de 2008, nós já estaremos trabalhando com os parâmetros estabelecidos nessa resolução, que assegura que, em cada curso, pelo menos 50% das vagas sejam ocupadas por candidatos aprovados no concurso vestibular que sejam oriundos de escola pública. Tem uma série de parâmetros que delimita isso. É uma ação importante de incentivo ao acesso ao ensino superior público, é uma ação que eu entendo de responsabilidade, além da isenção de taxa na inscrição do vestibular também para alunos oriundos do ensino público. Além disso, o programa Universidade Para Todos, desenvolvido pela pró-reitoria de Extensão, e o PRODAPE são programas ou projetos de extensão que se destinam a trabalhar a clientela do ensino médio e prepará-los da melhor forma para concorrerem a uma vaga no concurso vestibular. De qualquer sorte, como já disse anteriormente, é um desafio para as instituições públicas a ampliação de vagas e a possibilidade de acesso por estudantes que tenham realizado o seu ensino fundamental e médio em instituições públicas de ensino.

Uesc.br – Quantos alunos ingressam, por ano, na Uesc? Há previsão do aumento do número de vagas?
Adélia – No ano de 2007 entraram na universidade, em cursos presenciais, 1.310 novos estudantes, e no curso de Biologia a distância, que implantamos este ano, estimamos um número inicial 250 novos alunos matriculados. Em 2008, não haverá provavelmente modificação no número de vagas previstas para os cursos presenciais. Entretanto, nós temos a previsão de implantação de outros cursos na modalidade de Educação a Distância.

Uesc.br – Quais são os critérios para a isenção da taxa de inscrição no vestibular da UESC?
Adélia – A resolução do CONSU, de 2001, define esses critérios e lá está previsto que filhos, cônjuges de servidores públicos da universidade, bem como estudantes que tenham cursado a educação fundamental e média na escola pública e que tenham média superior a sete. Esses estudantes, é claro que guardado um limite possível de isenção de taxa, podem pleitear a isenção na inscrição do concurso vestibular.

Uesc.br – Houve, recentemente, a inscrição para transferência externa, somando 465 inscritos. Na sua opinião, quais os principais motivos que levam o indivíduo a almejar uma vaga na UESC?
Adélia – Não só a procura por vagas de transferência externa, mas também a disputa de vagas iniciais através do concurso vestibular, nos mostram que há uma procura importante pela Universidade Estadual de Santa Cruz e, certamente, isso decorre da qualidade do ensino de graduação que nós ofertamos, que colocamos a serviço da sociedade, da credibilidade que esta Universidade construiu ao longo dos anos de trabalho incessante, responsável, conseqüentemente, de toda a comunidade acadêmica, nos seus três segmentos, e obviamente com a participação da comunidade regional. Acredito que não podemos esquecer que esta Universidade é fruto da batalha, da mobilização da comunidade regional em torno desta instituição, para que se transformasse em pública, e que mantivesse a qualidade com a credibilidade que esta instituição alcançou junto à sociedade. E, por fim, o sonho que me parece ser de todos os brasileiros, que é de poder fazer parte da comunidade acadêmica de uma instituição pública de ensino superior. E devo dizer que é um sonho, porque infelizmente ainda na nossa região e no Brasil com um todo, não é uma situação alcançada por muitos e sim por poucos, e que deve ser utilizada com extrema responsabilidade.

Uesc.br – Há pouco falamos no aumento de vagas através do Ensino a Distância – o EAD. A Uesc oferece, nesse momento, apenas o curso de licenciatura em Biologia, nessa modalidade. Quais outros cursos poderão ser implantados na modalidade EAD?
Adélia – Ainda para 2007, no segundo semestre, a universidade colocará à disposição principalmente de professores em atividade na rede estadual de ensino, mais vagas do curso de Biologia e vagas novas do curso de Física., ambos na modalidade de Ensino a Distância. Para 2008, a UESC vem participando de um consórcio de instituições públicas estaduais - são seis instituições envolvidas nesse consórcio - e encaminhou, em resposta ao edital da Universidade Aberta do Brasil, a proposição de realização de nove cursos de graduação, dos quais nós - se formos aprovados e esperamos que sejamos - ofereceremos vagas de oito cursos. São eles os cursos de Letras, Química, Matemática, Biologia (que se repete), Física, História, Geografia , Administração - mas esse não temos plena certeza da oferta de vagas pela universidade. Então, entendemos que é uma oportunidade importante tanto para nós, instituição pública, que poderemos desenvolver o instrumento da educação na modalidade a distância, bem como ofertar a possibilidade de acesso à educação superior pública e de qualidade – não abrimos mão disso - para uma parcela da população que não consegue ter acesso à instituição na forma presencial. Acreditamos que esse é um desafio que se coloca às instituições públicas de ensino superior e que é um desafio que precisa ser enfrentado com responsabilidade como sempre foi a marca dessa Universidade.

Uesc.br – A senhora poderia deixar uma mensagem para a comunidade acadêmica dos cursos de graduação da UESC?
Adélia – Sempre faço questão de destacar que essa universidade tem uma responsabilidade muito grande para com a sociedade, a comunidade dessa região de abrangência, e que a comunidade acadêmica tem também muita responsabilidade com a construção cotidiana dessa instituição. Trabalhamos aqui e devemos trabalhar na defesa e na construção da instituição que nós queremos para nós, para os nossos filhos e para a comunidade regional. Acreditamos que esse é o desafio cotidiano que temos aqui e que temos enfrentado com dignidade.

 

 

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