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Entrevistas

Vice-Reitora avalia processo de construção do PDI.

 

Entrevista com a professora Adélia Maria Carvalho de Melo Pinheiro, em 01/12/2008.

A professora Adélia Pinheiro atualmente é a vice-reitora da Universidade Estadual de Santa Cruz. Já foi pró-reitora de Graduação (2006-08).Possui graduação em Medicina pela UFBa, residência em Medicina Social, mestrado em Saúde Coletiva e doutorado em Saúde Pública pela USP(2003). É professora do Departamento de Saúde da UESC desde 1990. A experiência na gestão universitária começou como Gerente de Pós-Graduação da UESC, função que exerceu entre 1994 e 1995. De 2000 a 2004, foi Gerente Acadêmica e, de 2002 a 2006, foi vice-coordenadora do curso de Medicina.

 












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Núcleo Web - Professora Adélia, qual a finalidade do PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional – para a instituição?


Adélia Pinheiro – O Plano de Desenvolvimento Institucional é um documento proposto pelo Ministério da Educação e Cultura para que todas as instituições de ensino superior o tenham. Para a Universidade Estadual de Santa Cruz, o PDI se constitui num documento norteador de caminhos e de políticas institucionais. Na verdade, temos, no contexto atual, uma multiplicidade de possibilidades e formas de projetar a Universidade para o futuro. O PDI permite, diante de uma quantidade enorme de possibilidades, indicar alternativas que sejam possíveis e que estejam de acordo com a análise de contexto, com as potencialidades da instituição e com as fragilidades existentes na mesma instituição, ou seja, na universidade. Essa é a grande finalidade de um Plano de Desenvolvimento Institucional.

NW- Como a senhora avalia a eficácia do PDI vigente?

AP- Finalizamos o exercício do PDI em vigência, já no ano de 2008. Se fôssemos fazer uma análise macro, ele foi quase integralmente cumprido. Poderia fazer uma exceção à implantação do curso de graduação em Tecnólogo, na área de Turismo. Ele estava previsto no PDI, mas não foi efetivamente implantado. Entretanto, os caminhos para o estabelecimento das políticas institucionais que estavam indicados naquele documento foram seguidos e se mostraram, em grande parte, acertados. Isso considerando os indicadores de desempenho alcançados pela instituição, bem como a credibilidade construída no cenário regional e também no cenário nacional e, em algumas áreas, até no cenário internacional.

NW- Considerando as perspectivas desta Universidade, que importância tem o Plano de Desenvolvimento Institucional em nosso contexto?

AP- É necessário fazer uma análise de contexto no que diz respeito à Universidade. No plano interno, localizamos algumas necessidades prementes de investimento, nem todas elas com a solução localizada também internamente. Poderia dizer da necessidade de ampliação da estrutura física - a Universidade hoje dispõe de uma boa infra-estrutura, uma boa estrutura física, entretanto, ela está toda utilizada. Nós não temos espaços ociosos. Para projetar um crescimento no futuro da Universidade, é necessário que haja um investimento em estrutura física. Da mesma forma, um investimento na ampliação do quadro docente e incorporação de novos professores, como também a incorporação do corpo funcional, funcionários, técnico-administrativos e analistas para a Universidade. Não posso deixar de mencionar que dentre essas necessidades se localiza também a assistência estudantil. Já avançamos no acesso, no que diz respeito à implantação da política de reserva de vagas, entretanto, é necessário um investimento que lide com a qualificação do acesso a Universidade, a permanência, o apoio didático-pedagógico aos estudantes, de todos eles, bem como ampliar a participação da Universidade como apoio ao egresso, tudo isso entendido como assistência estudantil. Então, essas seriam as quatro linhas de necessidades prementes de investimento da Universidade. Todas elas, eu não posso deixar de reafirmar, têm uma necessidade de alocação de recursos no orçamento. Então, esse é um outro cenário, no momento, limitador. Precisamos uma ampliação do orçamento da Universidade para que todas essas necessidades internas sejam atendidas. Da mesma forma, enfrentamos, no cenário externo, a ampliação da oferta de vagas dos cursos de graduação nas universidades federais, através do Reuni; temos notícias da realização de um grande número de concursos públicos para as federais, o que certamente pode impactar o corpo docente já estabelecido na Universidade. Da mesma forma, podemos localizar então, nesse cenário externo, algumas questões que se configurariam ameaças. Diante desse cenário, apontar diretrizes, objetivos, metas, é o papel, é a finalidade do Plano de Desenvolvimento Institucional, no sentido de indicar os caminhos para melhor aplicação dos recursos existentes - aí, obviamente, quero dizer, recursos financeiros, recursos humanos e de toda sorte, recursos de consumo, recursos materiais, de estrutura física. Na verdade, falo de todo tipo de recurso necessário à plena consecução das atividades finalísticas de uma universidade.


NW - Do ponto de vista da metodologia, qual o diferencial desse processo de elaboração atual?

AP - Estabelecemos o Plano de Desenvolvimento Institucional em quatro etapas. A primeira delas foi interna e partiu da necessidade de construir a parte do documento que fala da história - o que já foi feito, dos caminhos já percorridos pela Universidade. Quando foi concluída essa primeira etapa - elaboração do documento que fala da graduação, do ensino, da pesquisa, da extensão, na Universidade, desde o seu credenciamento - passamos à segunda etapa, a partir da constituição da comissão deliberativa e da comissão executiva. A comissão deliberativa é composta por todos os diretores de departamentos, pró-reitores e a representação dos segmentos estudantil, professor e funcionário. E a comissão executiva, composta basicamente pela equipe da Assessoria de Planejamento e outras pessoas com afinidade à área de planejamento, que seriam responsáveis por executar as deliberações da comissão anteriormente mencionada. Nessa segunda etapa, e após a aprovação da metodologia proposta pela da comissão deliberativa, foi possível desencadear a etapa de participação da comunidade acadêmica. Foi assim que se constituiu a etapa de consulta aos segmentos da comunidade acadêmica, estabelecendo, primeiro, as discussões em torno do PPI (Plano Político Pedagógico), discutindo, concretamente, missão, objetivos, visão de futuro para esta Universidade, e, no segundo bloco, de oficinas, a realização das discussões sobre gestão, graduação, pós-graduação, pesquisa, extensão, assistência estudantil e empreendedorismo. Então, essas oficinas, abertas para comunidade acadêmica, e abertas a qualquer pessoa da comunidade, inaugurou uma nova forma de fazer PDI na Universidade. Temos certeza que esta, consoante com os requerimentos da Universidade, os requerimentos da própria comunidade acadêmica, bem como com a idéia que a administração superior tem de construção coletiva, crítica, criativa e participativa de uma universidade pública, está sendo um diferencial do PDI.

NW - Finalizada a primeira etapa do processo de construção do PDI, que reflexões podemos fazer, no momento, em torno do trabalho já realizado?

AP- A primeira reflexão gira em torno da participação. Estamos, como eu já disse, inaugurando um movimento de consulta à comunidade acadêmica. Ela foi feita, as discussões foram de excelente qualidade, permitiram reflexão, indicação de caminhos, entretanto, elas foram feitas por poucas pessoas. Eu digo que elas foram de qualidade, porque refletiram todas as avaliações já realizadas na Universidade, elas refletiram os discursos que temos acompanhado em todos os momentos, nos eventos, nas reuniões. Entretanto, elas poderiam ser mais ricas se contassem com a participação de um maior número de pessoas. Essa é uma avaliação que também está ligada ao desenvolvimento processual das coisas e da forma de fazer. Certamente que esse é um primeiro momento da Universidade em que trazemos o PDI à discussão, então, entendemos que a participação não se dê com grande volume de pessoas, com um grande quantitativo de pessoas. É um processo, sabemos disso. Temos certeza que, daqui por diante, nós sempre agregaremos maior qualidade e maior participação aos nossos processos de discussão interna.


NW- De que forma a avaliação institucional influencia na construção do Plano?

AP – A avaliação institucional alimenta o Plano de Desenvolvimento Institucional que, por sua vez, alimenta a avaliação institucional. Então, o PDI é instrumento de gestão. A avaliação institucional, ela tem como objetivo avaliar o cumprimento do PDI e, ao mesmo tempo, indicar novos caminhos, já que a avaliação institucional também faz a ausculta sistematizada metodologicamente aos segmentos da comunidade acadêmica e à sociedade externa, de forma geral. Então, eles compõem os documentos e os instrumentos de gestão de uma universidade.


NW - O PDI pode indicar a necessidade de novos cursos na área de graduação, por exemplo?

AP – No ano de 2007, nós tivemos a oportunidade de elaborar o plano plurianual, que é um instrumento orçamentário, e fizemos isso também com discussão com a comunidade acadêmica, basicamente com as lideranças formais dentro da Universidade - diretores de departamento, coordenadores de colegiado. Então, naquele momento, os departamentos discutiram internamente e já indicaram potencialidades de cursos a serem implantados, tanto na graduação quanto na pós-graduação, nos próximos anos. O PDI não chegou a esse detalhamento, ainda que tenha, na Oficina de Graduação, indicado algumas possibilidades de atendimento a algumas demandas existentes no seio da sociedade.

NW - Qual a orientação do PDI, tendo por base a perspectiva de desenvolvimento da região de influência da UESC?

AP – Na primeira oficina, a que nós denominamos Oficina do PPI, do plano político pedagógico institucional, houve uma construção coletiva em torno da missão desta Universidade, e lá ficou registrado que a missão da UESC é desenvolver a educação superior de forma multireferenciada, criativa e crítica, sintonizada com as questões do desenvolvimento humano e com as peculiaridades regionais. Então, dentro das preocupações da Universidade devem ter sempre como fundamento as particularidades, as características que compõem a região e, obviamente, através das suas ações finalísticas ou atividades finalísticas - ensino de graduação e pós-graduação, pesquisa e extensão -, devem apontar possíveis soluções para as questões, os problemas que se apresentam para a sociedade ou a comunidade regional. Entendemos, dessa forma, o papel da Universidade na sua inserção na região.


NW - E agora, quais os próximos passos até a conclusão desse trabalho?

AP – Fizemos uma reunião da comissão deliberativa exatamente para definir, ou sinalizar, o cronograma das atividades daqui pra frente. O primeiro momento será de sistematização dos dados produzidos nas oficinas, o que será feito de forma integrada com os membros das comissões deliberativa e executiva. A partir daí, dessa sistematização, a elaboração do texto, que será o texto a ser apresentado, enviado ao Conselho Superior da Universidade, o Consu. No Consu, certamente, haverá tramitação que é própria do Consu. Os conselheiros receberão o documento e o utilizarão como substrato para as discussões a serem desenvolvidas no interior das plenárias departamentais. Portanto, de novo, com a participação da comunidade acadêmica. E, somente depois dessas discussões, o documento PDI, como um todo, deverá ser submetido à deliberação do Conselho Superior. Portanto, ele só estará vigente após deliberação do Conselho Superior.

NW – Professora, o Núcleo WEB de Jornalismo agradece a sua atenção e agora o microfone está aberto para qualquer consideração.

AP – Destacamos a importância de construção coletiva, participativa dos instrumentos de gestão da Universidade. Temos certeza que nesse primeiro momento, primeira possibilidade de realizar, de construir o PDI de forma coletiva, nós temos um ponto importante de partida, depois do qual será muito mais interessante a forma como a comunidade acadêmica se estruture, se relacione, se integre, no sentido de elaborar, de fato, e acompanhar os seus instrumentos de gestão. Entendemos, também, que somente é possível trabalharmos dessa forma a partir do comprometimento, do compromisso que venha sendo construído por todos os membros da comunidade acadêmica. A Universidade Estadual de Santa Cruz, ela se constituirá a partir do trabalho e do investimento de todos nós, estudantes, professores e funcionários, no nosso trabalho cotidiano, em prol do desenvolvimento da Instituição. Assim será, porque assim tem sido ao longo do tempo, foi assim que a Universidade alcançou a credibilidade que hoje tem e pôde se colocar como uma instituição de qualidade, de compromisso social e com o respeito da comunidade regional e nacional.
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