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Entrevistas

Com 165 dissertações defendidas, Mestrado de Meio Ambiente planeja Doutorado

 

Entrevista com o professor Neylor Calasans – Coordenador do Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente da UESC, em 07/10/2008.

Graduado em Engenharia Agrícola Pela Universidade Federal de Viçosa (MG), o professor Neylor Calasans é mestre em Engenharia da Irrigação pela Universidade de Leven, na Bélgica, e PhD em Engenharia de Água e Solo pela Universidade da Pensilvânia (EUA). Responsável pelo Laboratório de Climatologia da UESC, foi coordenador do Núcleo de Bacias Hidrográficas de 2000 a 2004. Professor de Metereologia, atualmente coordena o Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente e professor e orientador do Mestrado na área de bacias hidrográficas.

 











Para ouvir a entrevista realize o downlod do arquivo


NúcleoWeb – Como o senhor avalia o Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente nesses 10 anos de trajetória?


Neylor Calasans – O Mestrado, a primeira turma começou em 1999. E durante esse período de funcionamento do curso, a gente pode perceber claramente a consolidação do curso na região, a importância desse Mestrado em Meio-ambiente para a região. Durante esse período de funcionamento, ele se tornou uma referência nas questões ambientais aqui do Sul da Bahia, e não só na nossa região, onde nós estamos inseridos; mas essas ações que o curso tem feito nesses últimos quatro anos, fora da nossa região, na região do norte da Bahia, do oeste da Bahia, mostram a capacidade do curso em desenvolvimento de trabalhos em outros espaços da Bahia. E isso pra nós, nós vemos isso como uma consolidação do curso durante esse período de funcionamento. Foram mais, até o momento, de 165 dissertações defendidas, durante esse período. Uma média anual, assim, extremamente alta, por volta de 16 a 17 dissertações, por ano, defendidas durante esse período, em todas as linhas de pesquisa de trabalho do curso, que são informações, um banco de dados fantástico já gerado nesse período. E a gente vê que cada vez mais nós nos consolidamos e continuamos essa referência, tendo em vista todos os aspectos de trabalho do curso. E aonde nós nos inserimos a nível, não só científico, mas a nível de participação nas questões ambientais que nos afetam aqui na região, através da realização de fóruns, de debates, de conferências, da participação de pesquisadores, de professores em fóruns regionais, no Conselho Estadual de Recursos Hídricos, nos conselhos de meio-ambiente aqui da região. Então isso pra nós é uma satisfação muito grande, essa penetração do nosso curso nessas áreas. Além do mais, é uma satisfação também extremamente grande pra nós, podermos constatar que os egressos do curso têm uma participação muito ativa nas questões ambientais, muitos trabalhando já nos seus doutorados, grande maioria trabalhando em universidades aqui da região, universidades públicas e privadas, ou em prefeituras ou em órgãos públicos voltados pro meio ambiente. Então isso é uma satisfação muito grande, amplia muito o leque de participação do curso na sociedade.

NW – Quais as principais contribuições do mestrado para o desenvolvimento regional?

NC- Na nossa opinião, a contribuição, não só a nível de publicação científica, que é uma exigência do MEC, da Capes, para o funcionamento dos cursos, para a consolidação dos cursos, isso tem sido feito. A cada ano, são publicados mais trabalhos, principalmente pelos discentes, mostrando a qualidade dos trabalhos desenvolvidos, de pesquisas desenvolvidas aqui na UESC, têm, a cada ano que passa, melhorado, atingindo um nível muito bom de qualidade. Fora essa contribuição científica, nós tivemos a colaboração da UESC, do curso, para região, no sentido do levantamento de dados, subsídio para tomada de decisões nessa área ambiental. Então, todos os dados que foram levantados durante essas 165 dissertações, eles fornecem um banco de dados
nos quais várias pessoas, vários gestores públicos nos procuram, governo do estado, nos procuram atrás dessas informações para elaboração de projetos, elaboração de ações, então a gente vê isso com uma satisfação muito grande.

NW – Nós consideramos que temos uma região com alto índice de biodiversidade, uma região onde temos uma reserva de mata atlântica, mas também com muitos problemas na área ambiental. Do ponto de vista mais pragmático, em que tipo de problema o mestrado tem tido a oportunidade de interferir, de pesquisar, visando algum tipo de solução para essas questões?

NC – Como você falou, nós estamos em uma reunião extremamente importante do ponto de vista do meio-ambiente, tanto a mata atlântica, como a água. Agora, por exemplo, dessas 165 dissertações, por volta de 25 a 30% delas estão voltadas para a questão água, que é um problema sério aqui na nossa região, apesar da grande disponibilidade, mas a sua qualidade é muito pequena; e nós já tivemos oportunidade de participar de projetos, não só projetos de pesquisas internacionais, mas com prefeituras locais, no sentido de desenvolvimento efetivo de projetos, visando a melhoria da qualidade de água em algumas regiões. Então, isso são impactos importantes, ações importantes do curso. Em relação à mata atlântica, essa consolidação do curso nesses últimos anos, nós fomos procurados pelo CRA, estamos desenvolvendo vários bancos de dados de mata atlântica, de animais, então isso é extremamente importante para ações efetivas do curso em relação a nossa região.

NW – Quantos núcleos de pesquisa da UESC participam do programa do mestrado?

NC – São basicamente oito núcleos que trabalham aqui conosco. É um mestrado multidisciplinar e nós contamos com a colaboração do Núcleo de Bacias Hidrográficas - já é um parceiro antigo, de Estudos da Mata Atlântica, de Física Médica, de Bionergia e Meio-ambiente - recentemente com o curso já de especialização em Biodiesel, o pessoal da Ecofisiologia de Plantas, Cultivos Tropicais, Comunidades Sustentáveis e Biofísica e Radiobiologia, que são os grupos mais presentes aqui no curso.

NW – Você poderia dizer quantos alunos já passaram pelo curso e qual o perfil desses alunos, de um modo geral?

NC - Até o momento, nós já tivemos 165 defesas de dissertação. Nós temos atualmente mais 28 alunos matriculados aqui na sede, e mais 25 matriculados na turma especial do MINTER, e como eu falei anteriormente, o curso é de caráter multidisciplinar e é aceito qualquer tipo de graduação que foi feito. Então, dentro desse universo todo, a maioria dos nossos egressos foi da área de Geografia, seguido por Agronomia, mas nós temos muitos médicos, advogados, dentistas, biólogos, sociólogos, quer dizer, é um curso de caráter multidisciplinar e nós temos o quadro de professores credenciados nossos nos dá o suporte necessário para o atendimento a essa demanda, sem problema nenhum.

NW – E quais são as linhas de pesquisa do curso?

NC - As linhas de pesquisa do curso são biodiversidade e uso sustentável dos recursos naturais, comunidades sustentáveis, planejamento e gestão de bacias hidrográficas e qualidade ambiental e saúde.

NW – O mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente está agora sendo oferecido em outras regiões, como você falou há pouco, no início dessa entrevista. Qual a importância, no caso, do projeto MINTER?

NC – O projeto MINTER foi uma conquista do curso e da UESC, quando aprovado pela CAPES, no ano passado. É um projeto de implementação complexa, devido a Salinas e Guanambi se localizarem a aproximadamente 600, 700 km de distância aqui da UESC. Requer um trabalho integrado, tanto dos professores, como da UESC, como das escolas envolvidas, por causa da distância, da gente estar promovendo, estar presente, os alunos estarem presentes e sentir a presença da UESC nos locais. Então a gente conta e agradece muito o apoio que a UESC tem dado pro curso nesse sentido, de proporcionar esse intercâmbio, tanto nosso com eles e deles aqui na UESC. Tem sido uma experiência assim muito interessante, os professores envolvidos, os grupos de pesquisa envolvidos estão extremamente satisfeitos com o retorno que isso tem nos dado, principalmente a nível científico, do acompanhamento, do desenvolvimento do projeto. Os alunos envolvidos são extremamente dedicados e interessados, as escolas estão muito satisfeitas com o trabalho que está sendo desenvolvido. Isso pra nós é um ganho extremamente interessante, e a consolidação desse projeto já em 2010, no começo de 2010, a publicação de trabalhos, é extremamente importante pra UESC em dois sentidos: a presença da UESC no oeste, em outra região, o desenvolvimento de trabalhos em regiões ainda que muito pouco se foi feito na questão do meio-ambiente, então é uma satisfação muito grande pras pessoas envolvidas, no sentido de estar começando a levantar esses bancos de dados, propor soluções pra questão ambiental, em áreas pouco complicadas ambientalmente, de muita seca, semi-árido, regiões bem diferentes da nossa; em outro aspecto, no aspecto institucional, o bom andamento desse projeto MINTER é fundamental para as aspirações do curso, que é o aumento do nível junto à CAPES, maior possibilidade de um doutorado, de coisas nesse sentido. Mas de uma forma geral, eu gostaria de agradecer o apoio, mais uma vez da UESC, o apoio que a gente tem recebido de todos os professores envolvidos, e é uma satisfação muito grande, a gente se sente muito orgulhoso, em poder ter tido esse projeto aprovado pela CAPES e estar implementando-o.

NW – Gostaria que o senhor falasse sobre a experiência do convênio firmado entre a UESC e a UNIHIDRO. Como é que se dá essa experiência, é mais uma turma também do mestrado? Como é que está se firmando esse trabalho?

NC – Foi firmado um convênio, já no ano passado, com a antiga SRH, que hoje é o Ingá, e os alunos são alunos do curso. Foram 15 vagas, e nós entendemos, a UESC entendeu a importância de parceria entre os órgãos do Estado, nesse caso, no sentido de capacitação de técnicos que trabalham diretamente com a questão ambiental, como é o caso dos técnicos lá do Ingá. Então, eles fazem parte da turma que foi admitida agora no começo de 2008 e os trabalhos, a diferença básica desses 15 alunos, é que os trabalhos que são desenvolvidos por eles são mais na região norte do estado da Bahia, nas bacias hidrográficas mais no norte. Mas a experiência, sim, está sendo muito interessante, os alunos estão muito dedicados, e o Ingá tem dando um apoio fantástico para a viabilização das atividades do curso aqui na UESC pelos seus alunos. Então, a gente espera que essa parceria continue nessa dinâmica que tem sido até o momento, as respostas também são muito interessantes, e o curso se sente muito satisfeito, não só por estar possibilitando isso, mas por todos os outros projetos, as outras ações que começam a ser vislumbradas dentro de uma parceria grande, como essa, com o Ingá.

NW - A gente sabe que o Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente da UESC faz parte do PRODEMA, vinculado exatamente a esse programa. Conta pra gente a importância dessa rede, por que o curso está integrado ao Prodema e qual a característica deste programa?

NC – O curso faz parte dessa rede, que são atualmente seis universidades federais aqui do Nordeste, e nós, como uma estadual, e a estadual da Paraíba. É uma rede de cursos de mestrados similares. A similaridade entre eles é basicamente o tronco comum das disciplinas do 1º semestre e as últimas atividades. Nós, como rede, temos algumas atividades em comum durante o ano. O auge dessas atividades sempre é a realização do Seminário Integrador 2, e este ano nós levamos nossos alunos para apresentação dos seus trabalhos e discussão em Teresina, no Piauí, onde todas as universidades levaram seus alunos, nós passamos quase uma semana avaliando o trabalho de outros alunos, de outros cursos, traçando estratégias de desenvolvimento da rede. Então, a gente tem trabalhado como rede no sentido da montagem do doutorado em rede, que será o primeiro doutorado em meio-ambiente, em rede, aqui do Nordeste. A Capes está apoiando de uma forma muito forte a concretização desse projeto, nós estivemos reunidos já em várias e várias oportunidades, tendo em vista a complexidade dessa rede, da implementação, parece, para quem não está dentro do processo, que o processo anda devagar. O processo não é tão simples, requer muita atenção, muita dedicação, e mais uma vez a UESC sai na frente com a reitoria, a UESC como todo, nos apoiando, apoiando todas ações voltadas para efetivação desse doutorado, que todos esperamos que a partir do ano que vem já esteja disponível aqui na nossa região.

NW – Com tantas realizações, a gente se pergunta, então, qual o desafio atual do curso?

NC - O desafio pra gente é o fechamento do Projeto Minter, com uma qualidade excelente. Isso vai nos proporcionar um aumento de nível do curso, e a concretização nossa seria essa, aqui da UESC; e como rede, como participante da rede, implementar finalmente um doutorado, que já é uma busca nossa nesses três anos.

NW – Você tem algo a acrescentar professor? Fique à vontade.

NC - Gostaria só de agradecer mais uma vez a oportunidade de estar podendo trazer as ações do curso para a comunidade, de uma forma geral, e dizer que nós estamos aqui à disposição, sempre abertos para parcerias, para contatos, para conversas.
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